sexta-feira, 19 de outubro de 2012

DOCES CONVENTUAIS

A origem da doçaria conventual em Portugal terá origem no século XV. Terá sido neste período que o açúcar entrou na tradição gastronômica dos conventos. O principal adoçante até esta altura era o mel, sendo o açucar um ingrediente vulgar. Com a colonização da Ilha da Madeira, o açúcar recebe uma atenção especial, sendo cultivada a cana de açúcar.

Naquela época, a população feminina dos conventos era, na sua maioria, composta por mulheres que não tinham escolhido o a vida conventual por fé, mas sim por imposição social. Para se entreterem durante o interminável tempo claustral, dedicavam-se à confeção de doces que foram diversificando e aprimorando.

Portugal é dos países em que a doçaria conventual tem maior destaque e mais enriqueceu sua gastronomia, tendo sido a base para muitas receitas de doces tradicionais e regionais.

A doçaria conventual tem como ingredientes de eleição o açúcar, os ovos (sobretudo as gemas) e as amêndoas. A par destes ingredientes, são também de salientar ingredientes como o doce de chila (particularmente presente na doçaria conventual e tradicional alentejana) e a folha de obreia (hóstia), utilizada em vários doces conventuais como os Celestes de Santa Clara ou as Gargantas de Freira, entre outros.
 
Os nomes atribuídos aos doces estão relacionados com a vida conventual ou a fé católica. Exemplo disso são, entre outras, receitas como:














                            
                             

Papos de Anjo
 
 
 

Toucinho do Céu
 

Barrigas de Freira
 

Com o passar dos séculos, à medida que os conventos iam perdendo o fausto típico da Idade Média, mais do que a alimentação das freiras e monges, o destino dos doces conventuais era a venda nos vilarejos das redondezas do convento onde eram criados. O dinheiro obtido com a venda dos doces servia para reforçar o orçamento dos conventos, sendo muitas vezes uma importante fonte de rendimento para assegurar as necessidades diárias dos religiosos.
 
Aos poucos, as técnicas e segredos da confeção dos doces conventuais foi passando das freiras para as mulheres com quem tinham um contacto próximo ou que, por diversas razões, eram criadas nos conventos.
 
A partir de 1834, quando foi decretada a extinção das Ordens Religiosas em Portugal, as freiras e monges viram-se confrontados com a necessidade de angariarem dinheiro para o seu sustento. A venda de doces conventuais foi uma das formas encontradas para minimizar a sua situação financeira. Por isso, transmitiam, já fora dos conventos, as receitas às mulheres que as acolhiam e, dessa forma, as deliciosas receitas de doces conventuais portugueses, geralmente as mais simples, foram sendo conhecidas, tendo muitas delas passado de geração em geração e mantidas nas famílias das mulheres que contactaram diretamente com as doceiras conventuais.

















Nenhum comentário:

Postar um comentário